Na quarta-feira, dia 18 de junho de 2025, o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) recebeu o Professor Samir Hanash, diretor do McCombs Institute for the Early Detection and Treatment of Cancer, do MD Anderson Cancer Center (EUA), para a palestra Mining the Cancer Proteome for Clinical Applications.
O Professor Hanash apresentou parte de suas pesquisas voltadas para o desenvolvimento de um teste sanguíneo capaz de avaliar o risco de um indivíduo desenvolver câncer, indicando, inclusive, a quais tipos de câncer um indivíduo está mais suscetível. Essa avaliação é o que o Professor chama de personalized risk assessment (avaliação de riscos personalizada). Isso permitiria diagnósticos mais precoces, melhores prognósticos e estratégias de acompanhamento mais precisas.
Atualmente, a avaliação do risco de desenvolver câncer se dá, principalmente, por fatores como a idade, histórico familiar e o estilo de vida. O desenvolvimento de um teste sanguíneo poderia mudar isso, levando a um acompanhamento mais individualizado e preciso. A proposta é que, no futuro, seja possível fazer screening (rastreamento) da população, a partir de um teste de sangue que já indique quais são os riscos para cada pessoa. Por exemplo, uma pessoa ciente do alto risco de desenvolver um determinado tipo de câncer teria condições para fazer o acompanhamento e descobrir a doença logo no início.
Em sua pesquisa, o Professor Hanash procura descobrir biomarcadores presentes no sangue que possam servir para o desenvolvimento do teste. O Professor explicou que procurou trabalhar com o maior número de biomarcadores possível, incluindo ácidos nucleicos, proteínas, metabólitos, citocinas e quimiocinas, autoanticorpos, células tumorais circulantes, micropartículas e exossomos circulantes. Avaliando todas as possibilidades, o Professor chegou à conclusão de que as proteínas representavam o melhor caminho para o desenvolvimento de testes que pudessem ser amplamente utilizados.
Um dos motivos para o uso de proteínas tem raízes econômicas, pois os testes proteômicos são mais baratos. O Professor Hanash destacou a necessidade de que os testes sejam economicamente viáveis para testagem de grandes populações. Ele até mesmo levantou a possibilidade de que algum dia seja possível testar toda a população de um país, democratizando as informações sobre saúde.
A palestra foi organizada pelos Professores Vitor Faça (FMRP-USP) e Roger Chammas (FMUSP).