Nos dias 14 e 15 de maio, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) realizou a 6ª Reunião do Grupo de Trabalho BRICS em Biotecnologia e Biomedicina, incluindo Saúde Humana e Neurociência, um dos principais fóruns de cooperação científica entre os países do bloco BRICS. O encontro aconteceu no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas (SP), e reuniu representantes de ministérios, agências de fomento, universidades e centros de pesquisa de Brasil, Rússia, Índia, China, Emirados Árabes e Irã.
O grupo tem como propósito impulsionar a colaboração internacional em áreas consideradas estratégicas, como desenvolvimento de vacinas, terapias avançadas, enfrentamento de doenças emergentes e preparação para pandemias. O grupo também trata das aplicações da biotecnologia na agropecuária sustentável e nas ações de mitigação dos efeitos das mudanças climáticas, além de iniciativas conjuntas nas áreas de neurociência e neurotecnologia.
O evento integrou a agenda oficial da presidência brasileira do BRICS em 2025. Durante os dois dias, os participantes revisaram o andamento de ações conjuntas, definiram prioridades e discutiram possibilidades de ampliar a colaboração multilateral em temas como ensaios clínicos realizados nos diferentes países do grupo, compartilhamento de dados e materiais biológicos, além de discussões sobre bioética e neuroética, além de tecnologias para o enfrentamento de doenças emergentes, inovações em medicina avançada e biotecnologia aplicada à agricultura e à segurança alimentar.
De acordo com o Professor Bryan Eric Strauss, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e líder do Laboratório de Vetores Virais (LVV) do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP): “O evento foi uma oportunidade para expor nossas competências e as redes de pesquisadores que interagem com o ICESP, como o C2PO e o Instituto Nacional de Terapia Gênica – INTERGEN. Além disso, o encontro demonstrou a necessidade de fortalecer a infraestrutura necessária para a realização de pesquisa translacional com produtos de terapias avançadas. O Grupo de Trabalho em Medicina Avançada vai continuar as discussões sobre a implementação de unidades para produção dos agentes bioativos, como plasmídeos, vetores virais e nanoformulações, em condições de boas práticas de fabricação”.
A programação também contou com sessões temáticas moderadas pelo Brasil e pela Rússia, país co-presidente do grupo neste ciclo. Houve visitas técnicas às principais estruturas do CNPEM, como o Sirius — uma das mais avançadas fontes de luz síncrotron do mundo —, os laboratórios nacionais de Biociências (LNBio) e de Nanotecnologia (LNNano) e o canteiro de obras do Orion, um grande complexo de máxima contenção biológica que está em construção, que deve ser o primeiro da América Latina com nível de biossegurança 4 (NB4), e o primeiro do mundo a funcionar integrado a um acelerador de partículas.
Ao fim do encontro, houve a assinatura de um documento oficial com o resumo da reunião, que será enviado aos ministérios de Ciência e Tecnologia dos países-membros. Entre as deliberações, destacou-se a recomendação de desenvolver uma plataforma digital para o compartilhamento de informações entre as nações e a proposta de instituir um grupo de trabalho envolvendo agências reguladoras, com o objetivo de alinhar diretrizes éticas e regulatórias aplicadas a ensaios clínicos.
Criado em 2016, o Grupo de Trabalho em Biotecnologia e Biomedicina do BRICS tem como missão articular parcerias científicas para enfrentar desafios comuns nos campos da saúde, inovação e desenvolvimento sustentável.